Reportagem Especial: Aniversário de Brasília

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(Ter, 17 Abr 2018 14:12:00)

REPÓRTER: Um projeto ousado e que marcaria a história do Brasil. A construção de uma nova capital parecia algo distante. Mas o presidente da república à época, Juscelino Kubitschek, tinha o projeto de desenvolver o país. A ideia era avançar em cinco anos de mandato o equivalente a 50… E Brasília fazia parte dos planos para que essa evolução fosse alcançada. Em 1956, centenas de máquinas e milhares de operários começaram as obras. Quem veio nessa época para ajudar na construção foram os chamados candangos. Eram os pioneiros, os primeiros a morar e dar vida à Brasília.

Galdino Nunes Melo foi um desses trabalhadores. Por volta dos 18 anos de idade ouviu falar da criação da nova capital, distante cerca de 150 quilômetros de onde ele nasceu: Anápolis, em Goiás. Ele perdeu os pais ainda criança e não sabia ler e escrever, mas viu na nova cidade uma chance de mudar de vida. 

Galdino Nunes Melo – empresário

“1958 quando eu vim pra cá, todos os dias chegavam pessoas do Brasil inteiro. Norte, nordeste, sul, sudeste… porque era anunciada aí a necessidade de mão de obra e com isso Brasília então absorvia essa escassez de trabalho de outros estados”

REPÓRTER: Galdino prestou serviços em canteiros de obras, como vendedor, garçom… Morou nos acampamentos destinados aos candangos, conseguiu estudar e trabalhar em um escritório de contabilidade… Após alguns anos na capital fez o curso de Economia e se tornou empresário. Ele lembra das dificuldades na época do início da construção de Brasília e demonstra eterna gratidão pela cidade que o acolheu:

Galdino Nunes Melo – empresário 

“Pra voltar de onde eu vinha era impossível, porque lá não tinha meios para eu evoluir essa era a grande realidade. E com a vinda para Brasília eu consegui um emprego// corta// sentimento é que era um avanço que o Brasil precisava disso”…“Eu me sinto orgulhoso, agora depois da inauguração é que eu vim tomar consciência de que a minha participação foi importante. Porque eu estaria ajudando a construir uma cidade onde mais tarde ela vem ser a capital do país. Isso eu digo para todas as pessoas aqui hoje”

REPÓRTER: Roosevelt Dias Beltrão, de 77 anos, aposentado, chegou a capital um ano antes da inauguração. Veio de Tiradentes, em Minas Gerais, onde trabalhava como bancário. Hoje ele é presidente do Clube dos Pioneiros de Brasília e lembra como foi a primeira impressão ao chegar ao planalto central:

Roosevelt Dias Beltrão – aposentado

“Quando cheguei aqui em 1959, ou era poeira ou era barro. Tem que ter muita determinação para ficar aqui, não voltar pra trás. E firmamos aqui, em Taguatinga no início, mas era barro e poeira, quando não era poeira, era barro. Redemoinhos imensos, quase que levantava a gente do chão.  …. era pioneiro mas era difícil viu…”

REPÓRTER: Roosevelt coleciona histórias daquela época. Ele lembra que, de épocas políticas difíceis e da lendária vila submersa no Lago Paranoá, que ainda é explorada por mergulhadores:

Roosevelt Dias Beltrão – aposentado

“Fui muito amigo do Amauri de Almeida, que deu nome à vila. Estive há três anos no sul de minas e tinha um retrato do Amauri lá, era muito bom. Essa vila foi ele que fundou, levou o nome dele, Vila Amauri, e está submersa hoje, nem existe…” 

REPÓRTER: E o fato de ter contribuído para a construção de Brasília é motivo de muito orgulho para o presidente do Clube dos Pioneiros:

Roosevelt Dias Beltrão – aposentado  

“Me orgulho de dizer que sou pioneiro, tanto é que sou presidente do clube dos pioneiros. Eu tenho muito orgulho. Fico triste quando chega alguém aqui querendo estragar a cidade né…”

REPÓRTER: Nesse dia José Viriato estava em Brasília. Com apenas 20 anos, veio de Parnaíba, no Piauí, com a esposa e o primeiro dos sete filhos que ainda nasceriam. Mas como sapateiro ele não viu muitas oportunidades naquele ano…

De volta ao nordeste, Viriato se viu obrigado a tomar alguma atitude para dar uma vida melhor aos filhos. Em 1962, a esposa engravidou de gêmeos, mas antes de completarem um ano os dois morreram. Na região em que viviam no Piauí não havia o atendimento de saúde necessário decidiu então se mudar com a família para a nova capital, onde moraram na Cidade Livre, que mais tarde se transformou na Região Administrativa do Núcleo Bandeirante.

José Viriato – aposentado 

“Cheguei aqui e fui trabalhar de sapateiro, aluguei uma casa na fundação na W3 e trabalhei dez anos consertando calçado, sabe? Tinha serviço,  não tinha sapateiro mesmo, deu pra sustentar meus filhos, sabe? Não era grande coisa, mas nenhum passou fome não”.

REPÓRTER: Anos depois Viriato perdeu a esposa… e teve que criar e educar os filhos sozinho. Ele trabalhou na Presidência da República por muito tempo reformando estofados, ramo que decidiu seguir profissionalmente. Para a realização dos serviços, percorria diversos quilômetros por todo o Distrito Federal. Com as “andanças” diárias, aprendeu a gostar cada vez mais da capital do país e se espanta com o crescimento constante da cidade.

José Viriato – aposentado

“Adoro Brasília… Eu não saio muito não, sou muito caseiro, sabe? Conhecia Brasília com a palma da minha mão, mas de uns anos pra cá não conheço mais nada. Cresceu demais. Aonde eu andei, onde eu ando tá tudo diferente. Mas adoro Brasília, cidade boa”.

REPÓRTER: Hoje com mais de três milhões de habitantes, segundo o IBGE, Brasília é a terceira cidade mais populosa do país. Centro de decisões políticas e de gente que busca mudar a vida, que busca trabalho e um futuro melhor. Cidade que nasceu de um sonho, que já realizou grandes feitos e que está, há quase seis décadas, no coração do Brasil….

Reportagem: Dalai Solino
Locução: Dalai Solino

 

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Fonte: TST

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